julho 28, 2005

GUIA DE SOBREVIVÊNCIA NO METRO DE LISBOA

Ainda me lembro quando era puto, da magia que era para mim usar o Metro de Lisboa. As estações ainda tinham aquela cor cinzenta e os degraus tinham uma espécie de minúsculos cristais que brilhavam e deixavam-me maravilhado a olhar para eles! Tal como a estação de Alvalade, mas limpas.

Depois havia aquele cheirinho a ar ionizado pelas altas correntes que alimentam as carruagens (agora, não me cheira a nada, embora às vezes, as estações mais antigas cheirem-me mal).

Entretanto cresci, o Metro também e as estações até ficaram mais bonitas! Estou agora a lembrar-me das de Entrecampos com a sua poesia gravada nas paredes, ou a colorida e invulgar de Olaias onde parecemos estar num mundo gigante.

Estava tudo muito agradavelzinho até que nos últimos meses, uma entidade cujo nome começa por M, decide instalar ecrãns de plasma e projectores com o fim de divulgar notícias e alguma publicidade. Note-se a ênfase em "alguma publicidade"...

Ao princípio até achei uma ideia engraçada, se bem que sempre apreciei o Metro pelo seu relativo silêncio, contrastante com o ruído que polui a cidade acima. Até que nos últimos tempos tudo se tornou INSUPORTÁVEL (pelo menos para mim).

As notícias são mínimas e a variedade de anúncios também é muito reduzida. Como resultado, o raio dos anúncios passam ciclicamente e de tal maneira que, o mesmo anúncio pode ser gramado a cada 4 minutos! Semanas a fio, sempre os mesmos anúncios! Ou seja, quem usa o Metro diariamente como eu, já sabe de cor e salteado os jingles, as frases e as imagens de cada anúncio, o que para mim é EXTREMAMENTE IRRITANTE!

Daí eu propor um kit de sobrevivência a este massacre audiovisual. Divulgo assim algumas soluções:


1ª - Façam como eu: arranjem um "fones" (qq coisa: leitores mp3, walkmans) que vos dê a música que vocês querem!

2ª - Levar diariamente dois pedaços de queijo nos bolsos e quando entrarem no Metro, inserir nos ouvidos, pressionando com a força necessária até que estes preencham na totalidade as cavidades auditivas, de preferência sem as rebentar, à boa maneira da série "Hallo Hallo".

3ª - Gritar com toda a força "Ó RAMA, Ó QUE LINDA RAMA, Ó RAMA DA OLIVEIRAAAAAAA!!!!!" de modo a que o som proveniente das vossas gargantas se sobreponha ao nefasto áudio publicitário - Atenção, é favor cantar em sincronia com os restantes utentes e, de preferência, de modo afinado, ok ?

4ª - Método Radical (que realmente não aconselho) : Partir aquela porcaria toda.

Felizmente ainda há oásis. Algumas estações ainda não têm esta praga. Ironicamente, uma delas chama-se Sr. Roubado.

julho 23, 2005

AJUDEM A RITA GUERRA

Quem mora em Lisboa e usa frequentemente o Metro, já deve ter reparado (vezes sem conta) no spot que passa nas telas publicitárias, com excertos da banda sonora de uma novela da TVI em que se pode ouvir a Rita Guerra a cantar um agonizante
"Eu não consiiiiiggoooooooo".

POR FAVOR, acabem com o sofrimento da rapariga e recomendem-lhe um laxante.

HOW COOL !


Isto já não é de agora, mas recentemente dei-me conta do modo peculiar com que certas e determinadas campanhas publicitárias resolvem designar os produtos que pretendem vender.

Estou a recordar-me há bué de tempo atrás de algumas designações do tarifário da TMN, como por exemplo, o "Mega-Smile". Depois, aparecia também em cena a Vodafone com a frase "How are you ?".

Temos ainda coisas com o "My-TMN", "My-Vodafone", netcabo "SpeedOn" e mais recentemente o Clix "Free Power", "Optimus Zone", etc, etc, etc.

Ou seja, é preciso recorrer a termos (neste caso) ingleses para que um produto venda melhor? Parece que sim... Pois esta gente não brinca em serviço e deve ter estudado bem a coisa.

O exemplo mais fresquinho que vi foi o IOL Talki... Talki ?!!!! Mas que raio de termo é este? Tal como a célebre água Frize, estes termos são uma nova geração. Uma fusão do inglês com outra coisa qualquer... Ou vindo de alguém que nem sequer sabe escrever inglês ;)

Atenção : Não é que eu seja contra o inglês ou outra língua estrangeira em particular. Eu até adoro a língua inglesa! É a minha língua estrangeira favorita! E até acho positivo esta ser adoptada como língua universal, visto não apresentar grandes complexidades gramaticais, logo, ser de fácil aprendizagem.

Mas não é isto o que está em causa... Por que carga de água é que se há de usar termos estrangeiros e "mistos" para vender algo nacional, quando se poderia usar perfeitamente termos portugueses? Porque fica melhor? Porque parece mais profissional? Porque é mais Cool ?

Algo me está a escapar, tendo em conta o que se passou no nosso país, há precisamente um ano atrás. Sim, falo mais uma vez do Euro 2004. Nesta altura, gritava-se com fervor um "Viva Portugal" tão convincente e nunca antes ouvido. Ou será que afinal, era apenas aparentemente convincente ?

Acho que o Euro 2004 não mudou em nada a nossa fraca auto-estima.

Na minha opinião, uma Língua não é apenas uma forma de comunicação. É algo vivo, que evolui. Uma herança. Uma obra que resulta da evolução cultural de um povo. Única portanto.

E há que ter orgulho nela, na medida que esta merece, sem ter de se cair em exagerados patriotismos, como é o caso célebre de alguns franceses que teimam em não falar noutra língua que não seja a deles.

Nada de extremos e um pouco de consciência e respeito, por favor.

julho 20, 2005

VIVA PORTUGAL 2005



Faz agora neste mês de Julho um ano que ocorreu no nosso País a efeméride chamada Euro2004.

Devo confessar que não sou um grande apreciador de futebol pelos motivos que toda gente sabe - ou devia saber (1% de desporto + 99% de negócios e poder) e valorizo muito mais o ténis, onde também acredito existir um jogo de interesses semelhante, embora à menor escala, mas onde o mérito é todo do jogador - O(a) tenista está por sua conta. A vitória ou fracasso só depende dele(a) e não existem cá jogadores "na mama" a correr de um lado para o outro a fingir que jogam, como no futebol.

Por este motivo nunca pensei escrever sobre futebol. E de facto não o vou fazer. Prefiro falar agora sobre os efeitos do futebol nas pessoas ;)

Viu-se portanto com o Euro2004 um efeito notável e invulgar nos últimos anos. De repente, um povo que regra geral sempre se sentia inferior a tudo o que era estrangeiro, dizendo frases como "o que é estrangeiro é que é bom" e "em inglês fica sempre melhor", passar para um estado de enorme auto-confiança, euforia e patriotismo, assim como quase de repente!

(Para os entendidos de Matemática ou Física, isto lembra um bocado um "delta de Dirac")

Eu sinceramente gostaria que a equipa portuguesa (não confundir com Portugal, um país) tivesse ganho o Europeu. Aí, depois de uma eufórica alegria para compensar estes últimos anos de depressão, os portugueses perguntar-se-iam : "Afinal, ganhamos o quê? Um campeonato de futebol? Só isso?"

Gostaria que o pessoal mais tarde, passando a euforia, tomasse conciência da realidade de ter ganho apenas algo tão fútil como um campeonato de futebol em vez de ter conseguido um verdadeiro contributo para o País, para a Humanidade ou para o Planeta. Teria sido bom as pessoas se confrontarem com o feito efémero e completamente insignificante para o Universo que a equipa portuguesa teria alcançado.

O lado positivo? As pessoas teriam passado bons momentos e isso é a Felicidade.

Eu só posso entender esse patriotismo e auto-confiança em perfeito cego exagero, que de repente parecem ter surgido do nada, por precisamente terem surgido do nada. Da sua ausência.

São extremos : a ausência de algo e a sua abundância, como diria o outro.

Mas aqui há uma nuance : Eu penso que a ausência (da auto-estima) sempre se manteve... Apenas houve um vazio e depois, repentinamente, uma abundância de vazio mas em tal quantidade que pareceu ser realmente algo! Pareceu que a "nossa" auto-estima tivesse naquele momento nascido e crescido!

As coisas não evoluiem assim, do tipo : "É só adicionar água e mexer".

Mas a minha ideia não era escrever sobre futebol... E isso vão perceber no meu próximo "post" (a propósito, qual é o equivalente a "post" em português?).

julho 19, 2005

PADRÃO TIPO CAMUFLADO, DESTRUIÇÃO DE GUITARRAS E AVRIL LEVIGNE

Vi hoje na rua uma rapariga usando uma calças com aquele padrão militar tipo camuflado, típico do exército dos EUA e que se tornou moda aqui há tempos, por alturas da invasão do Iraque pela coligação EUA-Inglaterra.

Veio ao de cima as tais sensações de choque/revolta/incompreenção que senti quando pela primeira vez vi este tipo de vestuário tornar-se uma moda, facilmente adoptada sem conciência ou resistência por algumas pessoas quando o assunto da guerra estava no seu ponto mais quente.

Lembro-me que na altura achei chocante e imoral o aproveitar da situação pelo mundo da Moda para lançar peças de vestuário com o tal padrão militar ... E o mais chocante é que essa moda pegou !

Como é possível na época alguém usar como vestuário algo deste tipo, especialmente quando a invasão do Iraque era um tema tão vivo quanto polémico, sem se ter a conciência de que a guerra que se passava era bem REAL e não um jogo de computador ou filme de Hollywood?!

Na guerra, pessoas morrem.

Poder-se-á eventualmente desculpar com o comentário "Ah pois, são jovens inconscientes, não pensam.". Pois eu discordo de tal afirmação. Eu acho que esse jovens pensam, mas alguns preferem ignorar. Outros, possivelmente foram mesmo a favor da guerra e estão no seu direito de opinião.

Para os tais que "não pensam", talvez teria sido boa ideia os seus pais assumirem os seus papeis e fazer os ponderar sobre a questão da guerra. É que "de pequenino se torce o pepino" como se diz.

Lembro-me também da popular cantora canadiana de seu nome Avril Levigne usar esta indumentária nos seus concertos pela altura da invasão do Iraque. Questiono-me sobre a importância desta sua atitude como contributo para o "pegar" da moda. Aí surgiu a minha antipatia por ela rapariga bué rebelde e, ao que parece, inconsciente.

Esta minha impressão negativa foi sedimentada por um videoclip que vi há cerca de uma semana no MTV Portugal, onde a dita rapariga usava umas asinhas azuis muito queridas, com um ar tão angelical como rebelde e que no final do clip lhe dava na bolha e desatava a destruir a sua guitarra, ao bom estilo "I don't care". Sinceramente, gostaria de saber como se sentem pessoas com talento musical que dificilmente tem dinheiro para pagar um bilhete de um concerto e com grande sacrifício, vão amealhando para a compra da tão ansiada guitarra ou outro instrumento musical ao verem uma suposta adolescente dar-se ao luxo de escavacar um instrumento musical só porque é bué radical e fica sempre bem na MTV!

Apesar de ela ter certamente dinheiro para comprar as guitarras que quiser, não deixa de ser, no mínimo, curioso o seu acto de destruição com algo que simboliza a sua paixão. Sinceramente duvido que ela seria capaz de partir a sua própria guitarra. Prefiro acreditar na força e pressão que a engrenagem MTV exerce sobre quem a ela se sujeita.




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