agosto 08, 2005

AFINAL QUEM SOMOS NÓS E QUAL O NOSSO PAPEL PARA COM "OS OUTROS" ?

Um certo dia, dirigia-me para a faculdade que frequentei e deparei-me com a seguinte questão : devia eu seguir pelo passeio de modo a chegar à entrada ou seria mais sensato atravessar o campo de relva, visto que este era o caminho mais curto ?




Isto fez-me lembrar as míticas aulas de Análise Infinitesimal 1 dada pelo peculiar Dr. Costa Pereira em que numa certa aula nos relembra a todos a demonstração do teorema de Pitágoras : "para um triângulo rectângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos". Mais concretamente, se cada lado do triângulo tivesse o valor 1, o valor da hipotenusa teria o valor da raíz quadrada de 2 (aproximandamente 1.414).

Ou seja,



Mais genericamente,


Bestial. Mas, sem querer tirar o mérito à genial descoberta do Sr. Pitágoras, reparei numa coisa que me dava mais jeito naquele momento: a + b é sempre maior do que h, para qualquer triângulo rectângulo!

Ou seja, vamos imaginar que o caminho que teria de percorrer caso fosse pelo passeio era a + b, enquanto que se optasse por atravessar a relva percorria h metros.
Tal como 1 + 1 > 1.414 , a + b > h ! Ou seja, atravessar o caminho da relva h é de facto percorrer o caminho mais curto!

Mas agora entra ao barulho uma questão social (não pisar a relva) e a questão principal que me leva a escrever este texto : terei eu ou não o direito de pisar a pobre relvinha, por ventura esmagando umas formigas e outros quantos bichinhos pelo caminho, os quais não pisaria se seguisse pelo passeio, apenas para poupar nas solas dos sapatos e cansar-me menos?

Se já não deixaram de ler este texto a partir do momento que coloquei matemática à mistura, devem ter percebido que os outros que o título se refere diz respeito à vida animal e vegetal. É isso mesmo. Os bichinhos e plantas, os muito por nós frequentemente esquecidos outros habitantes deste planeta vivo.

Aqui estão envolvidas duas características do ser humano : a inteligência (percorrer o caminho mais curto) e a consciência sobre o que o rodeia (pisar ou não a relva e os demais habitantes).

Se pensarmos bem, a atitude de pisar a relva é de facto a mais lógica, pois percorre-se o caminho mais curto. Pode ser também encarada como a mais egoísta e inconsciente.

Por outro lado, não a pisar pode ser vista como um obedecer às regras da sociedade e benevolência e respeito pela vida.

É sobre o último argumento que centro a seguinte questão : Quanto é legítimo um comportamente destes? Ou seja, quem somos nós para decidir sobre a vida dos restantes animais/vegetais? E será que é suposto ser desta maneira ?

Decidir sobre a vida dos animais (se bem que muitos aguentam o nosso peso na boa) é atribuir a nós um papel de divindade...

Vocês acham que os restantes animais hesitam em pisar a relva? Já viram o quanto alegre um cão está quando corre pelos jardins e no entanto sem se preocupar no que está a pisar ?

É que um papel de deus é lixado: se pouparmos a vida a 4 ou 5 bichinhos pensado que estamos a proceder bem, estamos na verdade a introduzir ligeiras alterações no equilíbrio do ecossistema cujos efeitos geralmente são imprevisíveis a longo prazo, resultando possivelmente na morte de outros bichinhos de outras espécies pelo facto de inicialmente termos poupado a vida aos outros...

Pergunto-me assim se a inteligência que dispomos e capacidade de raciocinar sobre o que nos rodeia foram uma evolução da Natureza ou um acidente de percurso.

Muitos vocês, sem dúvida, devem achar exagerados os números que quantificam a população da nossa espécie e os estragos que tem vindo a fazer ao equilíbrio ecológico do "nosso" planeta... Por termos ganho condições de vida cada vez melhores (nos países dito civilizados) devido aos avanços tecnológicos proporcionados pela nossa inteligência, multiplicámo-nos mais eficazmente e vivemos mais tempo. De tal maneira, que o equilíbrio do planeta encontra-se seriamente ameaçado ... Aqui a inteligência pura prevaleveu sobre a consciência.


Fazendo o ponto da situação:

- Conciência em excesso não garante à partida a atitude correcta (o caso que mencionei sobre o desequilíbrio do ecossistema)

- Conciência em falta, aliada à inteligência pura, pode levar a consequências nefastas

A solução passa possivelmente pela combinação correcta de conciência e inteligência, um jogo muito difícil de se fazer.

Afinal qual o papel da Humanidade neste planeta? Somos um acidente de percurso ou temos um papel a cumprir ?

Não consigo concluir mais nada sobre isto... Vá lá, dêem-me uma ajuda :)

(Possivelmente este foi o texto mais chato ou confuso que publiquei aqui... Não era essa a minha intenção. Se leu isto até ao fim, está de parabéns ;) )

3 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

Não o achei nada chato. Até foi talvez o texto de que gostei mais no teu blog. Achei a ideia interessante e os dados de Matemática só contribuiram ainda mais para isso. De facto, os teus textos estão a surpreender-me. Continua! Kiss.

10:34  
Blogger Unknown disse...

oh gaijooo :P se eu tivesse a ter esta conversa ao pé de ti, fisicamente, teria arranjado forma de te calar... lol

16:43  
Blogger rafaela disse...

Gostei muito deste texto... é facto muito bom, e concordo com a Laura a. quando ela diz que os dados matemáticos contribuiram para aumentar o interesse e, devo acrescentar, credibilidade do raciocínio.
Mas fiquei com uma dúvida: afinal qual foi o caminho que escolheste?? ;)

Um beijo

13:40  

Enviar um comentário

<< Home





Para receber um e-mail cada vez que haja novidades neste blog clique no símbolo RSSFWD abaixo e introduza o seu e-mail